“O Brasil tem milhões de conversões, agora precisa voltar à Bíblia”, alerta Dr. Ché Ahn
- 15/04/2025

O pastor coreano-americano, Dr. Ché Ahn, é um dos decanos do movimento apostólico e profético que mudou o cenário evangélico a partir dos anos 1990. Ele e sua esposa, Sue, são os líderes da Igreja Harvest Rock, em Pasadena, Califórnia. Também presidem o Ministério Harvest International, uma rede apostólica global que equipa líderes, multiplica igrejas e traz avivamento e reforma para mais de 70 nações. Além de autor profícuo e palestrante internacional, ele é o Chanceler Internacional da Wagner University, um centro que prepara cristãos para o ministério prático
Esta semana, Ché Ahn esteve no Brasil, onde reuniu-se com diferentes líderes em Brasília e São Paulo. Foi um dos preletores do evento “Pelo Brasil: Propósito, Convergência e Governança”, realizado no auditório do TCU, na capital federal, e que contou com autoridades como o ministro Augusto Nardes, a senadora Damares Alves (DF), os deputados federais Nikolas Ferreira (MG), Greyce Elias (MG), e Gilberto Nascimento (SP). Também pregou no culto semanal da Frente Parlamentar Evangélica, nas dependências do Congresso Nacional.
Dr. Ché Ahn esteve no Brasil e pregou no culto semanal da Frente Parlamentar Evangélica. (Foto: Divulgação)
A visita do Dr. Ahn promoveu o lançamento de seu livro “Plano-Mestre para a Transformação: Trazendo Reforma e Avivamento Para as Nações”, publicado pela editora Chave Mestra. A obra, com prefácio de Lou Engle e recomendação de Bill Johnson, propõe-se a apontar caminhos para a transformações na sociedade a partir de princípios bíblicos.
Em entrevista exclusiva ao Guiame, Dr. Ché Ahn explica como a Igreja brasileira pode ajudar a gerar mudanças no contexto nacional e aumentar sua influência.
O que trouxe o senhor ao Brasil? Essa é sua primeira viagem ministerial ao país?
Sim. Meu objetivo principal é realmente servir Jesus, proclamando o poder do Espírito Santo e a chegada do Reino. Em Jesus, podemos resgatar tudo o que foi perdido no Éden. O homem pecou, mas Jesus quer restaurar o Céu na Terra. Por isso, podemos resgatar o que foi perdido, desde as famílias até o governo, a educação, os negócios, a mídia, artes e entretenimento.
Chamamos isso de “As 7 Montanhas de Influência” também chamado de “7 Esferas”, mas, na verdade, é sobre alcançar todas as instituições que formam a sociedade, com amor. Meu desejo é ver justiça e juízo, que são o fundamento do Trono de Deus, conforme Salmo 89:14, alcançarem e transformarem todas as coisas.
O conceito das 7 montanhas envolve o quê, exatamente? Como isso se relaciona com a Igreja?
As Montanhas ou as Áreas de Influência da Sociedade são: Família (lar), Religião (Igreja), Educação (escolas), Mídia (comunicação), Artes (entretenimento e esportes), Economia (negócios e comércio) e Governo (política).
Esse é um conceito desenvolvido algumas décadas atrás, mas é preciso lembrar que não defendemos uma teocracia. Não significa que todo mundo do governo será cristão, por exemplo. Acredito na graça comum, pois é assim que a Revolução e a Reforma acontecem, Deus dá graça, até para quem não o conhece. Ciro é um exemplo clássico. Em Isaías 45 diz muito claramente, que mesmo sem conhecer o Senhor, ele foi separado para cumprir o propósito divino. E Deus usou Ciro para libertar os judeus do exílio na Pérsia e retornar para o seu país e reconstruir o Templo. Não apenas isso, mas ele deu parte do tesouro real, isso é: dinheiro. Então, vemos o cumprimento profético da grande riqueza de transferência, que está em Isaías 60:5-11. Também vemos isso em Ageu 2:7, quando o profeta encoraja as pessoas a reconstruir o Templo depois de 14 anos da destruição. Ele diz então que Deus vai derramar todas as nações, trazer a riqueza das nações e encher de novo aquela casa com a glória.
Só que, ironicamente, sua profecia não se cumpriu totalmente, porque em Esdras 6, quando dedicaram o templo, a glória não veio. Entendo que Ageu estava profetizando um outro período, quando Deus vai derramar sobre as nações e prosperar seus filhos para então encher novamente sua casa com a glória. Acredito que estamos nesse período.
Esse é um dos motivos que me formei em História na faculdade. Foquei meus estudos na História da Igreja. Considero-me um historiador, eu estudo História até hoje. Acho que uns 80% dos meus livros são históricos. Isso acontece porque eu realmente sinto que Ele é o Deus da História. Em sua soberania, Deus nos permitiu fazer História. Isso é muito importante, pois a Bíblia é um livro histórico, que começa em Gênesis e aponta para o período em que vivemos, como Ageu 2:7. E quando ele disse que iria fazer tremer todas as nações. Apenas duas vezes houve um acerto de contas global e foi na era moderna. Desde que o texto de Ageu foi escrito, 2.500 anos antes do nascimento de Jesus, veio o acerto global na Primeira (1914-1918) e continuou na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Afinal, todas as nações se envolveram, de um jeito ou de outro, na Segunda Guerra. E depois desse momento de Deus fazer a terra tremer, tivemos 50 anos incríveis de avivamento. Tivemos o Avivamento das Ilhas Hébridas, em 1948, na Escócia, além do Avivamento em Saskatchewan, Canadá, em 1948, e o ministério de Billy Graham, de 1949. Tivemos o Avivamento Chuva Serôdia, de 1948, em Dallas. Tudo estava acontecendo três anos depois do fim da II Guerra. Uma década depois, começou a Renovação Carismática, em 1958. Dez anos depois disso, veio a Revolução de Jesus, em 1967. Continuamos vendo isso com o John Wimber, na chamada terceira onda, de 1979. E ainda, em 1994, com o Avivamento de Toronto, e, na mesma época, o Avivamento de Pensacola, na Flórida.
Só que, mesmo que tivéssemos um Avivamento, não tínhamos uma Reforma. Algumas das piores leis dos EUA foram aprovadas durante o movimento Jesus People. O aborto se tornou legal, em 1973, no fim daquele Avivamento. Depois, na época do Avivamento de Toronto, tivemos a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 2015. Estou falando no contexto do meu país, mas é um microcosmo do que está acontecendo globalmente. Eu realmente sinto que, em 2022, começamos outra onda de Avivamento.
Como foi em 1945, com o fim da II Guerra, eu sinto que o fim da pandemia de Covid-19, que foi de 2000 até 2022, foi um novo acerto de contas. Afinal, cada nação da terra foi impactada, todas as 200 nações tiveram Covid-19. Isso não é coincidência. Quando Deus diz que vai chacoalhar todas as nações, não é apenas pela Covid, foram as leis de restrição, os problemas econômicos resultantes das decisões que as pessoas fizeram, uma hiperinflação em alguns países.
Mesmo que tenhamos ouvido tantas más notícias, a boa notícia é que o 3º Grande Avivamento começou em 2022. O motivo pelo qual digo isso é porque estou vendo todos esses sinais que são históricos, na verdade. O primeiro sinal que o Senhor me deu foi que Roe vs. Wade, a lei do aborto legal nos EUA, foi derrubada. Estamos falando de 65 milhões de bebês assassinados desde 1973, quando ela foi assinada. Sim, o aborto ainda é praticado, mas é uma grande mudança. De qualquer forma, não estou dizendo que tudo vai ficar perfeito, pois isso não vai acontecer até Jesus Cristo voltar. Até que isso ocorra, Deus espera que nós tragamos justiça, amor e verdade para a sociedade.
Como o senhor vê o crescimento do movimento profético no Brasil?
O que acontece no Brasil é realmente perceptível para nós. No meu livro “Plano-Mestre para a Transformação”, que estou lançando agora em português, eu falo sobre como o Avivamento e a Reforma podem chegar ao Brasil, no momento certo.
A profetisa Cindy Jacobs foi quem me inspirou sobre o Brasil. Sei que ela é bem conhecida aqui. Pois Cindy me disse que na América Latina muitos países já experimentaram o Avivamento, com multidões de conversão, mas não a Reforma, que é a mudança da sociedade. Ela lembrou que a Reforma que começou com Martin Lutero, em 1517, não penetrou com profundidade em muitos lugares. E ela está certa, pois a chave para a Reforma vir são apóstolos e profetas.
Neste livro falo um pouco sobre isso. Abordo a Revolução profética, a guerra espiritual, e a necessidade de apóstolos para esses dias. Quando Jesus ascendeu aos céus, a Bíblia diz que ele deu dons aos homens e às mulheres (Ef 4:8). Ou seja, Ele deu algumas para apóstolos, outros para profetas. No meu país, apenas 1% das igrejas tem líderes de ministério com dedicação integral. Seria ridículo pensar que ele só deu algo para 1%, pois é para todo o Corpo. Então, 99% dos cristãos estão no mercado, na sociedade, em alguma forma de governo. Isso significa que todos esses apóstolos e profetas são profissionais que estão exercendo seu papel na sociedade.
Já me encontrei com pessoas assim aqui no Brasil. Apóstolos e profetas vão transformar a sociedade porque o Senhor lhes deu uma autoridade tremenda. 1 Coríntios 12:28 diz que “Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres” e por aí vai.
A palavra “primeiramente” no grego é “proton”. Se você olhar no dicionário, significa primeiro em autoridade, não primeiro como “maior” que os outros. Somos todos iguais antes de Deus, mas Ele nos deu autoridades diferentes. Ele deu a autoridade dos pais sobre os filhos, por exemplo, e autoridade de alguns para exercer o governo. Então, há autoridade no Reino dos céus. Então, eu digo que a Igreja precisa usar sua autoridade para transformar a sociedade.
Na Bíblia, vemos exemplos disso. Jesus sendo apóstolo e profeta, causou uma Reforma. Veja, Ele mudou o reino de Israel e começou a igreja. Ele virou as mesas de dinheiro dos cambistas, para mostrar que existiam homens corruptos no Templo. Jesus traz a Reforma e, depois, aquele Templo é destruído, no ano 70. Isso parece radical, mas há uma mudança acontecendo. A Reforma é isso, não é o Templo onde minha glória vai crescer. Como diz 1 Coríntios 3.16: “vocês são o templo de Deus e o Espírito de Deus habita em vós”. É Cristo em nós, a esperança de glória, Colossense 2:17. A glória agora está dentro de nós. Então, isso é a Reforma de um espaço que era para ser santo e estava corrompido
Creio que tudo começa com a Igreja. Tudo começa e termina com a Igreja. Então, nós precisamos convidar os verdadeiros apóstolos e profetas do Brasil para se levantar. Não estou falando de celebridades nem daqueles que se consideram grandes. Eu amo Romanos 1:1. Paulo diz que é: “servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus”. Essa ordem é muito importante. Primeiro, enfatizou que era um servo com um chamado para ser apóstolo. Então, sim, eu sou chamado para ser apóstolo e para proclamar o Evangelho, o Reino, mas eu sou um servo primeiro.
Acho que isso é o que está faltando no Brasil. Tenho um livro chamado “Apóstolos Modernos”. Deve ser meu próximo livro a ser publicado pela minha editora aqui. Em breve queremos trazer nossa Escola de Apóstolos e Profetas para o português.
Qual mensagem que o senhor trouxe para a Igreja Brasileira?
É muito simples. Vocês experimentaram o Avivamento de Deus e isso foi bom, pois Ele nos ama. Mas precisamos avançar para a Reforma agora. Mas é preciso entender que Reforma é a transformação da sociedade pelos valores bíblicos, que são, principalmente, retidão, justiça, graça e verdade, conforme Salmo 89:14.
A verdade está na Bíblia. Ninguém muda isso. Precisamos trazer a Bíblia para a sociedade. É uma coisa muito simples. Pode parecer até muito óbvio, mas às vezes, nós esquecemos da Bíblia. Acredite, as pessoas precisam ouvir sobre isso. Volte à Bíblia, Brasil!
Jarbas Aragão é pastor, jornalista e tradutor. Mestre em teologia, foi missionário da Jocum e da Junta de Missões Mundiais da CBB, além de professor do seminário Batista. Colabora com diferentes mídias no Brasil, nos Estados Unidos e em Israel.
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