70 cristãos são decapitados por terroristas dentro de igreja no Congo
- 19/02/2025
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Corpos de 70 cristãos foram encontrados decapitados dentro de uma igreja protestante na República Democrática do Congo (RDC), no último final de semana.
Segundo a Missão Portas Abertas, as vítimas foram sequestradas de suas casas na aldeia de Mayba, província de Kivu do Norte, mantidas reféns no templo por vários dias e assassinadas por militantes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), um grupo terrorista ligado ao Estado Islâmico.
Fontes locais relataram que na madrugada da última quinta-feira (13), extremistas do ADF chegaram à vila de Kasanga, dizendo: "Saiam, saiam e não façam barulho".
Vinte homens e mulheres cristãs saíram de suas casas e foram levados pelos militantes. Mais tarde, moradores locais se uniram para tentar descobrir a localização do cativeiro e tentar libertar os cristãos.
Porém, os terroristas voltaram, cercaram a vila e sequestraram outras 50 pessoas. O grupo levou todos os 70 cristãos raptados para uma igreja na cidade de Kasanga, onde foram brutalmente mortos.
“70 corpos foram descobertos na igreja. Eles foram amarrados perto da localidade de Mayba", informou Vianney Vitswamba, coordenador do comitê de proteção da comunidade local.
“Estamos fartos de massacres”
Algumas famílias das vítimas ainda não conseguiram enterrar seus entes queridos por causa da falta de segurança na região, conforme a Portas Abertas.
Antes mesmo do ataque, escolas, igrejas e centros de saúde precisaram fechar devido à situação de caos e insegurança na província de Kivu do Norte. Muitos cristãos já fugiram da área para poupar suas vidas.
"Não sabemos o que fazer ou como orar; estamos fartos de massacres. Que somente a vontade de Deus seja feita”, declarou um líder da Igreja CECA20.
A Missão Portas Abertas condenou o ataque e pediu que as autoridades protejam a comunidade cristã no Congo.
"A Portas Abertas apela às sociedades civis, governos e organizações internacionais para que priorizem a proteção civil no leste da RDC, onde grupos armados, como a ADF, estão operando”, declarou John Samuel*, especialista jurídico da missão na África Subsaariana.
E ressaltou: "A violência ocorre em um contexto de impunidade, onde quase ninguém é responsabilizado. Este massacre é um indicador claro de violações generalizadas dos direitos humanos contra civis e comunidades vulneráveis, muitas vezes visando cristãos, perpetradas pela ADF”.
A região nordeste do Congo sofre as consequência do conflito entre os grupos terroristas ADF e M23 com as forças do governo.
Desde 2014, a ADF intensificou os ataques na área. Somente no mês passado, o grupo matou mais de 200 pessoas em Baswagha.
A violência causou o deslocamento de 10.000 pessoas em 2024, com muitas vilas cristãs ficando totalmente desertas, e 355 cristãos foram mortos por sua fé, de acordo com dados da Portas Abertas.
“Pedimos à comunidade cristã internacional que permaneça em oração pelos cristãos e comunidades vulneráveis no leste da RDC", disse John Samuel.
A República Democrática do Congo ocupa a 35ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas.